Pontos chaves:
- Awespath visitou a Conferência do Leste de Angola com o propósito de avaliar, reconstruir e investir na revitalização do sistema de pensões local.
- Durante a missão, os membros da delegação visitaram casas de viúvas, pastores e pastoras reformadas, onde testemunharam situações de extrema dificuldade.
- A missão da Wespath foi vista como um sinal profético e um ponto de viragem necessário para garantir dignidade aos que serviram a Igreja.
Durante a sua estadia, os membros da Junta Geral de Pensões (Westpath) tiveram o prazer de visitar casas de viúvas, pastores e pastoras aposentados, testemunhando de perto a realidade e os desafios enfrentados por estes servos da igreja.
Na sessão magna de abertura, Andy Hendren sublinhou a dimensão da missão global da Wespath: “Servimos mais de 100 mil membros da Igreja Metodista Unida no mundo, com 26 bilhões de dólares sob nossa gestão. Estamos aqui porque queremos investir mais do que finanças: queremos investir esperança. Acreditamos na missão da Igreja em Angola, e oferecemos nossa parceria para reerguer este sistema. Tudo o que fazemos está baseado nos valores wesleyanos. Servimos a quem serve a Deus.”
Com um discurso directo e mobilizador, Thomas Kamper apontou os desafios, mas não poupou palavras de encorajamento.”
“A Conferência do Leste está em zona de risco elevado. Isso precisa mudar. Não se trata apenas de finanças, mas de justiça. Confiamos no novo bispo, confiamos na nova liderança. Mas a mudança começa com vocês. Cada igreja local precisa assumir a sua parte. A cultura de contribuição precisa florescer.”
Abalada pelas visitas as casas dos reformados, Johara Farhadieh emocionou-se ao compartilhar o que presenciou, “Quase não dormi. Na casa da viúva Marcelina vi como a vida pastoral é difícil. Temos que atrair jovens para a nova junta, trazer inovação. Vocês têm terra fértil usem-na! Este é o tempo ideal para mudar as estruturas e semear o futuro,”expressou Farhadieh.

A Conferência do Leste conta com nove distritos e supervisiona a IMU na República da Namíbia. Entre estes estão os DistritosEclesiásticos de Malanje, Bié, Calandula, Kiwaba Nzoji, Cuando Cubango, Quela e Cambundi Catembu, Lunda Norte, Lunda-Sul e Moxico.
O Bispo anfitrião, Moisés Bernardo Jungo, não escondeu o peso dos desafios enfrentados, mas reconheceu a importância da presença da delegação.”
“Temos igrejas rurais em condições precárias, comunidades onde a guerra deixou minas e feridas. Mas a vossa presença reacende a fé do povo. Deus é visível em vocês. Esta missão não é apenas técnica, é profética. Precisamos reconstruir com amor e visão, a vossa missão aqui é um sinal de esperança,”disse Bispo.

A Reverenda, Branca Jacinto Manuel Martins de 74 anos partilhou que a sua aposentadoria aconteceu por motivos de doença, não por idade.” A pensão sempre foi um alívio, mas hoje vivemos com sérias dificuldades. Continuo a servir como responsável do internato másculo, porque a chama não apagou,” contou.
Marcelina Luciano, viúva do Revdo. Cavunje, contou como o cenário de dificuldade aumentou nesse ano. “Só recebemos um mês de pensão em 2025. Antes, dava até para pagar escola privada das netas. Agora, vivemos da ajuda dos filhos,”
A pastora aposentada, Esperança Pedro Duarte contou que já fazem cinco meses,”sem ver um tostão", porém reafirmou a sua fé em Deus diante do cenário.” Mas eu digo: pouco com Deus é muito. A honestidade de jovens como o Alcides Martins dá-me esperança de que dias melhores virão.”
Alcides Arez Martins é membro da Junta de Pensões local, e fez um alerta sério sobre a nova geração de pastores que actuam na região, os alertando a pensar no futuro.
“O sofrimento dos actuais reformados afasta novas vocações. A Igreja local precisa perceber que sustentar os seus pastores não é caridade, mas uma missão. Precisamos investir em formações, criar uma cultura de segurança e cuidar de quem nos conduziu até aqui.”
Joaquim Carlos, pastor aposentado desde 2005, começou o seu ministério como pastor desde 1963, mas mesmo com mais de 40 anos de serviço, enfrentou dificuldades financeiras." Até 2010 vivi do que a família me dava. Ainda cultivo para comer. A fé não me deixou parar.”
A situaça do casal Joaquim Domingos João e Lucinda não é diferente. “Sobrevivemos à guerra. Já perdemos tudo, menos a fé. Continuamos a lavrar para comer. A reforma não nos sustenta, mas a esperança ainda nos alimenta.”
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A Pastora Benvinda João também sobreviveu aos conflitos na região, e traz em sua trajetória a alegria de ter sido uma das primeiras mulheres ordenadas na IMU. “A guerra levou familiares, mas não levou a missão. A reforma que recebo do Ministério da Educação ajuda, mas a da Igreja quase já não chega.”, explica a pastora.
Leigos e Clérigos foram chamados a trabalhar nesta missão em Angola que começou em 2010. A Conferência Anual atende 43 beneficiários do fundo de pensões.
A convite do Bispo, a delegação participou no culto dominical, visitou escolas, um hospital e projectos comunitários da missão do Quéssua, onde testemunhou o impacto directo do ministério pastoral na vida social das comunidades.
A delegação seguiu para a Conferência Anual do Oeste de Angola, onde ações semelhantes estão em curso.
A visita da Junta Geral de Pensões trouxe a luz não só estatísticas preocupantes, mas histórias reais de vidas que sustentaram a Igreja com oração, trabalho e sacrifício. O apelo por mudança está lançado.
* João Nhanga é um comunicador da Conferência Anual do Leste de Angola.
Para comunicar com Notícias MU você pode ligar para 615-742-5470, [email protected] o IMU_Hispana-Latina @umcom.org.
**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected].