Ana semeia luto e dor no Centro e Norte de Moçambique

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Os bairros circunvizinhos da cidade Tete completamente inundados. Foto de Eurico Gustavo. 
Os bairros circunvizinhos da cidade Tete completamente inundados. Foto de Eurico Gustavo.

Palavras-chaves:

  • As feridas deixadas pela depressão tropical Ana levarão muito tempo para se cicatrizarem.
  • As nossas congregações aqui no Norte, foram desafiadas a fazer uma doação, monetária ou material para apoiar aos sobreviventes de Ana.
  • Temos membros da comunidade e da igreja com suas casas submersas e neste momento encontram-se alojadas na escola da igreja.

Em quase todas as províncias do Norte do Save, ouvem-se gritos de socorro, mais de 30 pessoas são reportadas como mortas e dezenas de outras dadas como desaparecidas por causa da tempestade Ana.

“As feridas deixadas pela Ana levarão muito tempo para se cicatrizarem,” disse António Ualufo, um dos residentes do distrito de Larde.

Desde 12 de Janeiro, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), órgão competente de previsão de tempo no país, tem alertado da ocorrência de uma depressão tropical designada por Ana. Segundo este órgão, o fenómeno formaria-se a partir da ilha de Madagáscar e atingiria o canal de Moçambique, particularmente nas províncias de Nampula, Zambézia, Sofala e Tete a partir de madrugada do dia 22.

“Na vila sede distrital de Larde, o Centro de Saúde de Topuito sofreu destruição total e os medicamentos estão sendo guardados na casa-mãe-espera, que também não oferece mínimas condições de conservação… neste momento não há comunicação telefónica por conta da destruição das torres de telefonia,” sublinhou Ualufo.

As zonas Norte e Centro de Moçambique já foram alvo de 6 ciclones desde 2019: Idai e Kenneth em 2019, Chalane e Eloise em 2020, Guambe em 2021 e agora a tempestade Ana, embora se ouça falar do ciclone Batsirai que está se formando e em direcção ao continente Africano, via ilhas Maurícias e Madagascar.

Face a esta situação as populações dos locais de risco, envidaram todos esforços preparando-se para prevenção de possíveis danos que a tempestade iria causar. 

Desta vez este fenômeno começou afectando as zonas costeiras da provincia de Nampula com maior incidência para os distritos de Larde, Moma, Angoche e Mongicual, onde provocou a destruicão de várias infraestruturas, isso na noite do dia 23 até ao meio dia do dia 24.

“No distrito de Angoche (em Nampula), há registo da destruição parcial do centro de saúde local que beneficiava milhares de famílias,” informou o Rev. Herminio Guifutela, Director Conferencial dos Ministérios, no Norte de Moçambique.

Outras infra-estruturas afectadas incluem escolas, lojas, pontes e pontecas que facilitavam a mobilidade de pessoas e bens.

“A ponte que liga o distrito de Angoche e o distrito de Mongicual ficou totalmente destruída, bem como a Escola Secundária de Angoche, numa altura em que a 01 de Fevereiro, iniciam as aulas de todos os subsistemas de educação no país,” explicou Guifutela.

Todos os dias há actualizações do que está acontecendo nas zonas afectadas. 

A pergunta que provavelmente muitos fazem é: o que é que a Igreja está fazendo neste momento?

“Ainda está-se na fase de recolha de dados para melhor fazermos a intervenção,” disse o Rev. Jacob Jenhuro, assistente episcopal na conferência do Norte do Save.

“Entrentanto, a partir deste domingo, as nossas congregações aqui no Norte, foram apeladas a fazer uma doação, monetária ou material, para apoiar aos sobreviventes de Ana,” concluiu Jenhuro.

A província de Nampula e parte da Zambézia, são as provincias mais afectadas até então.

“O cenário não só fustigou as infra-estruturas governamentais como também algumas da igreja,” reportou o Rev. Bernardo Moutinho, pastor do Cargo Pastoral de Nampula.

“A titulo de exemplo, a parede traseira da capela antiga de Nampula desabou, e os escritórios do edificio actual ficaram destruídos,” concluiu Moutinho.

Na madrugada do dia 24 para 25, a tempestade acompanhada de ventos fortes, acima de 160km/h, e chuva torrencial com rajadas fizeram-se sentir nas provincias de Zambézia, Sofala e Tete respectivamente. 

“Ainda não temos dados completos e exactos sobre o impacto da tempestade Ana, estando ainda no processo de recolha de informações,” disse a Revda. Veronica Baquete, superintendente do distrito de Nampula.

“Todavia, podemos adiantar dizer que a capela de Telamace caiu. Na casa pastoral, caiu uma das paredes. Em Malema, o teto da casa pastoral caiu e algumas paredes apresentam rachas, como resultado do impacto da tempestade,” concluiu Baquete.

“O que posso avançar é que os bairros periféricos da cidade de Tete ficaram inundados, algumas casas submersas, pois, o rio Rivubwé que liga a cidade de Tete e Moatize desabou, condicionando assim a ligação entre as duas cidades,” reportou Alfatilio Sevenhane Huo, pastor de Tete.

“Temos membros da comunidade e da igreja que tem suas casas submersas e neste momento encontram-se alojadas na escola da igreja,” explicou Huo.

Ainda em Tete, segundo o canal STV Notícias informou, as viaturas que levavam o governador da provincia, o administrador de Tete, o presidente do municipio de Tete e a sua comitiva foram arrastadas pelas águas após o desabamento da ponte sobre o rio Rivubwé. Muito se fez para resgatar o capital humano que fazia parte da comitiva, no entanto, 24 horas depois, chegou a informação de que o corpo do administrador do distrito de Tete José Maria Menderes foi encontrado sem vida. 

O departamento de Emergências a nível das conferências de Moçambique, está neste momento a envidar esforços para apoiar os sobreviventes desta tempestade. Contactado, o coordenador deste departamento disse que “neste momento estamos engajados na recolha de dados". "Como sabeis, não é fácil por conta da mobilidade e falta de comunicação com as bases nas zonas afectadas,” explicou Respeito Chirrinze, coordenador de emergência.

“O nosso departamento trabalha em coordenação com as bases, sendo que os líderes comunitários e da igreja são os nossos melhores parceiros de missão, e obviamente que a UMCOR tem sido o nosso maior doador,” completou Chirrinze.

Até ao dia de hoje não é possível apurar a magnitude dos prejuízos causados pela tempestade Ana, mas o Instituto Nacional de Gestão de Risco e Desastres (INGD) se pronunciará dentro de dias, face a esta situação.

*Gustavo é comunicador na Conferência de Moçambique Norte.

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