Os professores abaixo assinados, integrantes do Corpo Docente da Universidade Metodista de São Paulo, apresentam à comunidade acadêmica da instituição e à sociedade brasileira o seguinte.
Acompanhando com atenção o cenário político atual, parece-nos evidente, a esta altura da crise política que o Brasil vive, a aglutinação de forças interessadas em desestabilizar ainda mais o país, reeditando fundamentalismos partidários. Alguns grandes veículos de comunicação insuflam esse clima de antagonismo, inclusive nas redes sociais, ao sabor daqueles que fazem a oposição irresponsável. Neste momento torna-se, portanto, urgente que, acima de quaisquer alinhamentos ideológicos e de afetos ou desafetos por lideranças políticas, reivindiquemos que as instituições cumpram seu papel na garantia dos direitos civis constitucionais.
O lema “combate à corrupção”, que representa uma demanda legítima da sociedade brasileira, tem sido explorado à exaustão por grupos interessados em minar deliberadamente a confiança no país. Há também os oportunistas, aqueles que se pretendem “salvadores da pátria”, que emergem com seus discursos e práticas reacionárias, ultraconservadoras e obscurantistas, baseados no jogo político-partidário sob o manto da legalidade.
Nessa saraivada de acusações diárias, empresas de comunicação buscam proteger interesses particulares e impor sua ideologia conservadora, sensacionalizando cada capítulo do noticiário, com versões parciais e tendenciosas dos fatos, comportamento semelhante ao que ocorreu durante o golpe civil-militar em 1964, que teve forte apoio da imprensa hegemônica.
É urgente estarmos atentos à gravidade dos acontecimentos, com lucidez para entender o que está em jogo no futuro do país. A sociedade civil e suas lideranças, os jovens e suas famílias, trabalhadores e estudantes, os movimentos sociais e populares, e a mídia responsável, devem ficar atentos aos falsos discursos que reverberam na esfera pública e negam, de forma reacionária, as conquistas sociais alcançadas depois do fim do regime militar.
Por isso, nós, professores da Umesp não nos calamos. Até porque o ambiente acadêmico da Universidade Metodista de São Paulo, coerente com a sua tradição de solidariedade e de respeito construídos ao longo de sua história, nos inspira este manifesto.
Unimo-nos a todos os colegas comprometidos com o Estado democrático e com o exercício isento e imparcial do Direito e da Justiça, em cobrar da mídia seu compromisso com a verdade dos fatos: a divergência é salutar à democracia; o linchamento moral e político, não.
São Bernardo do Campo, 17 de março de 2016
Professores
Aguinaldo Mulha
Alacir Villa Valle Crucez
Alexandra Gonsalez Sarasa Martin
Antonio Carlos Soares dos Santos
Bruno Tonhetti Galasse
Cicília Maria Krohling Peruzzo
Claudete Pagotto
Claudio de Oliveira Ribeiro
Cleber Araújo Souto Baleeiro
Cristiane Gandolfi
Daniel Galindo
Daniela Silvestre Alves
Douglas Murilo Siqueira
Edi Luiza Bacco
Edson Cinaqui Filho
Eduardo Grossi
Eduardo Okuhara Arruda
Elizabeth Moraes Gonçalves
Eloiza de Oliveira Frederico
Fernando Almeida
Guilherme Flynn Paciornik
Hegli Kovacic
Helmut Renders
João Batista Ribeiro dos Santos
José Ademar Kaefer
José Carlos de Souza
José Braz Goulart
José Salvador Faro
Júlio Veríssimo
Lauri Emilio Wirth
Liliana Rubia de A. Medeiros
Luci Praun
Luiz Roberto Alves
Luiz Silvério Silva
Márcia Velasques Barbosa
Márcio Guerreiro
Magali do Nascimento Cunha
Margarete Vieira
Marli dos Santos
Marília Martins Vizzotto
Marta Contardo Jaramillo
Nicanor Lopes
Nilson Tadashi Oda
Oswaldo de Oliveira Santos Júnior
Ozeis Rocha Júnior
Paulo Ayres Mattos
Paulo Bessa da Silva
Paulo Roberto Garcia
Paulo Roberto Salles Garcia
Roberto Joquim de Oliveira
Rodolfo Carlos Bonventi
Rodolfo Martino
Rogerio Toto
Rubens Lopes Júnior
Rui de Souza Josgrilberg
Sandra Duarte de Souza
Sebastião Carlos Squirra
Silvia Perrone de Lima Freitas
Silvio Pereira da Silva
Sonia Maria Ribeiro Jaconi
Valdir Aparecido Boffetti
Vanessa Martins
Veronica Cortes
Wesley Fajardo Pereira
Wilson da Costa Bueno
http://alc-noticias.net/bp/2016/03/23/manifesto-dos-professores-em-defesa-das-instituicoes-democraticas/