Evangelismo e mídias digitais Quais as mudanças que a comunicação digital traz para a Igreja? O Evangelho continua o mesmo. E o propósito do evangelismo de testemunhar as boas-novas de Jesus Cristo também não mudou. O que está em transformação são as ferramentas de comunicação. A mesma essência, a mesma fé, porém utilizando-se de tecnologias distintas, que não podem ser ignoradas em seu poder de alcance e mobilização.
O que é denominado mídias digitais são instrumentos que permitem quebrar os limites físicos e geográficos, com a capacidade de tornar o longe em próximo; o estranho em conhecido e o restrito em compartilhado, superando barreiras antes transponíveis depois de horas de espera, dias de viagem ou anos de paciência.
Imagine um sermão que foi inspirado pelo Espírito Santo, estudado com afinco, enriquecido com testemunhos e usado para a salvação de muitos/as. Agora amplifique o alcance dessa pregação. Transmita digitalmente para os/as impossibilitados/as de estarem no templo, e estes/as, impactados/as em seus lares, compartilham com os/as que ainda não conhecem o Evangelho, e a mensagem, antes restrita às quatro paredes do templo, foi lançada ao mundo.
Mas a viralização (algo que se espalha rapidamente, semelhante a um vírus) não para por aí. Cada uma das pessoas impactadas pela mensagem acrescentou um novo testemunho: “fui abençoado/a”, “fui tocado/a profundamente” e “Deus falou comigo”. Assim, a palavra agora não pertence a quem a pregou, cada um a toma para si e acrescenta sua experiência pessoal. As pessoas tornam-se colaboradoras, construtoras de testemunhos, deixando de ser passivas receptoras. Além disso, a mensagem foi disponibilizada em um site de vídeos (muitos deles gratuitos), e a possibilidade de compartilhamento tornase permanente, quebrando a limitação do tempo e atingindo pessoas independentemente da distância.
O exemplo acima é apenas uma das possibilidades disponíveis nas mídias digitais que podem ser utilizadas para a proliferação de diversos formatos de comunicação, como textos, sons, imagens e vídeos, por meio das mais variadas plataformas como sites, e-mails, tecnologias mobile (GPS, smartphone e tablet), redes sociais digitais (Facebook, Twitter, Instagram), sites de buscas e localização (google, bing, yahoo, maps) e mídias out of home (CD, DVD, displays eletrônicos). Cada uma com sua especificidade, formato e usuário/a.
Todas essas tecnologias digitais estão disponíveis para que a Igreja as utilizem como ferramentas para o crescimento do Reino de Deus, com custos que vão variar de acordo com a forma de utilização e objetivo, sendo a maioria delas de baixo investimento financeiro e alto poder de impacto.
Dois aspectos devem ser considerados, um deles é a economia de atenção, que defende que quanto maior a disponibilidade de conteúdo, menor ou mais difícil será a atenção. Assim, o importante é a qualidade do conteúdo. Valendo a regra que não é pelo “muito falar” que serão ouvidos (Mateus6.7). O foco é a adequação do conteúdo ao público e ao formato da plataforma.
Segundo aspecto: quanto maior o nível de tecnologia, maior a necessidade de contato (High Tech, High Touch). O mundo digital necessita de significado, a tecnologia sempre buscará um sentido para sua utilização. Se perguntarmos o porquê da explosão das mídias digitais, uma das respostas será: elas conectam pessoas! Nesse ponto retornamos à essência do Evangelho, do discipulado e da Igreja Metodista (e sua ênfase conexional), em que as ferramentas são utilizadas para nos conectarmos às pessoas e reconciliá-las em Cristo. Por isso, a “mídia” mais eficaz continua sendo o Evangelho, e o digital é uma rica tecnologia para disseminar nossa mensagem: “o Evangelho é poder de Deus para salvação” (Romanos1.16).
* Luís Augusto Mendes Professor Universitário da Igreja Metodista do Bessa. Para ver o artigo original publicado no Expositor Cristão pode abrir este link: http://issuu.com/expositorcristao/docs/expositor_cristao_-_junho_2015?e=9321723/13242080